sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Grupo Mulher Brasileira mobiliza imigrantes contra “Comunidades Seguras”


O primeiro encontro público será neste sábado (26), na Biblioteca Pública de Worcester, na 3 Salem St., Massachusetts



O Grupo Mulher Brasileira intensificou sua campanha contra a implantação do polêmico programa federal “Comunidades Seguras”, com o objetivo de informar a comunidade sobre o projeto e levar grande número de brasileiros às reuniões com o Governador Deval Patrick. O primeiro encontro público será neste sábado (26), na Biblioteca Pública de Worcester, na 3 Salem St., Massachusetts. 

“O programa chama Comunidades Seguras, porém não representa nenhuma segurança, muito pelo contrário”, disse Adriana Lafaille, da diretoria do Grupo Mulher. No sábado (19), ela reuniu-se com outros membros do grupo para estabelecer um plano estratégico que garanta a participação brasileira nas audiências públicas com Patrick. “O Governador deu esta oportunidade para as comunidades se expressarem e darem sua opinião, a gente não pode perder (esta chance), precisamos da voz de cada um de nós”.

Elizângela Soares, da Cooperativa de Mulheres Vida Verde concorda: “Eu não estou aqui porque sou da Cooperativa ou do Grupo. Estou aqui porque preciso. Preciso de carteira de motorista, preciso trabalhar, preciso dirigir, não posso ficar em casa com medo”, disse ela, enquanto separava cartões postais para serem assinados pelas pessoas, os quais serão entregues pessoalmente ao Governador.

Lucimara Rodrigues, Adriana, Cássia e Elizângela percorreram várias igrejas no fim de semana e recolheram 300 cartões, impressos com apoio da MAPS – Massachusetts Alliance of Portuguese Speakers e pela Master Printer, uma gráfica de brasileiros sediada em Somerville (MA). Nilson Rigonatti, proprietário, e Angélica Benatti, funcionária, fizeram questão de assinar os cartões n° 1 e n° 2.

“Esta causa é de toda a comunidade”, disse Nilson.

O polêmico “Comunidades Seguras” é um programa do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) pretensamente criado para encontrar e deportar imigrantes criminosos de alta periculosidade. Porém, estatísticas revelam que 75% das pessoas deportadas em todo o país, como parte do programa, não são criminosos. Em Boston (MA), onde o programa foi silenciosamente implantado desde 2004, 53% dos deportados sequer tinham antecedentes criminais. Outro problema, apontam líderes comunitários e defensores dos direitos dos imigrantes, é que fica difícil impedir que a polícia discrimine contra imigrantes com base na cor da pele e origem.

Todo indivíduo preso tem sua impressão digital tirada e enviada para o FBI para checar se é uma pessoa procurada. Caso o “Comunidades Seguras” seja implantado, o FBI cruzará as impressões digitais colhidas com os arquivos do Departamento de Imigração (ICE) para saber o status migratório do detido.

“Na verdade, é uma maneira de criminalizar a imigração indocumentada, contrariando as leis vigentes”, disse a Diretora-Executiva do Grupo Mulher, Heloisa Maria Galvão, lembrando que ser indocumentada não é crime, mas ofensa civil.

O calendário de reuniões distribuído pelo Gabinete do Governador lista 10 audiências públicas, a primeira neste sábado (26), em Woscerter, e a última em Boston, em 9 de julho. Framingham sediará a segunda reunião, no sábado, 12 de março, no Mass Bay Community College, Salas 205/206. Confira o calendário completo na página eletrônica do GMB: estacaomulher@verdeamarelo.org ou tel.: (617) 787-0557, ramais 15 ou 14.